terça-feira, 8 de setembro de 2009

O QUE É REMASTERIZAR


Remasterizar significa, literalmente, produzir um novo master (produto final), a partir de uma origem (matriz) já existente, seja ela um LP, Fita Magnética, CD, SACD, DVD, DVD-Áudio, etc.

Seu objetivo não é o de subverter essa matriz mas sim dar mais qualidade e inteligibilidade (tirando ruídos, distorções, dando mais clareza, etc) ao que já existe. É o processo de re-trabalho do áudio ou vídeo original a fim de se obter uma nova matriz com qualidade superior.

No caso do áudio, imaginemos um disco composto de várias músicas (faixas).

Entre outras, as ferramentas básicas utilizadas na remasterização são:

1) Compressor e Limitador: normalizam as alturas de cada música, colocando todas dentro de um mesmo padrão.

Obs. A altura refere-se à distância entre os picos e vales (partes mais altas e partes mais baixas de cada música). Esta “altura” (gama ou faixa dinâmica) é, portanto, normalizada.

2) Equalizador: exacerba ou atenua as frequências sonoras (graves, médios e agudos) de acordo com as necessidades. O equalizador é o responsável pela obtenção de maior clareza na sonoridade como um todo.

Resumindo, a remasterização reajusta o som de cada música em seu todo, mas não altera as configurações individuais de cada instrumento, ou da voz!

Obs.: Alterações e/ou correções nas configurações individuais fazem parte do processo de “Mixagem” (“Mistura”).

Imaginem uma foto antiga (a original) em que uma família esteja no jardim de sua casa, num dia de outono. Esta foto é, por exemplo, a música “Let It Be”!

1) O pai tem uma camisa vermelha desbotada.

2) A mãe está com um vestido florido (mas não conseguimos definir ao certo qual é a flor) e há também uma certa indefinição nas cores.

3) O filho está sentado numa bicicleta, aparentemente enferrujada.

4) A grama parece verde, mas como é Outono, está um tanto quanto queimada e sem viço.

O que faz a remasterização:

1) A camisa do pai permanece vermelha desbotada, mas agora visualizamos claramente o quanto ela é desbotada e percebemos alguns detalhes que antes não eram vistos, inclusive das imperfeições.

2) O vestido da mãe nos parece muito mais definido e com uma textura mais perceptível e quase conseguimos definir qual a flor que decora o vestido.

3) A ferrugem da bicicleta é mais claramente percebida, inclusive onde ela atacou mais, ou menos, a pobre bicicleta!

4) A grama continua queimada e sem viço, mas agora conseguimos perceber as diversas matizes e irregularidades (onde está mais queimada, menos verde, menos queimada, mais verde).

Resultado: agora temos a mesma “Let It Be” (original e com sua essência totalmente preservada) “vista” de uma maneira mais clara e inteligível em seus detalhes.

Isso é o que todos nós esperamos no trabalho de remasterização do catálogo dos Beatles:

Uma maior clareza e equilíbrio sem que a gênese individual de cada instrumento, voz ou backing seja maculada.

Assim seja!

Beto Iannicelli (professor de música dos Beatles em São Paulo, Brasil)

6 comentários:

filhote disse...

Obrigado, Beto, por esta notável definição.

josé disse...

E como diz MEC no Público de hoje, deve dizer-se rematrizar e não anglicanamente remasterizar.

Ora tomem!

Anónimo disse...

Muito bem explicado!

Fábio Murilo disse...

Muito boa a explicação, bem didática. E está comparação com a foto foi ótima, para melhor assimilação. Remasterização nada mais é, pelo que eu entendi, uma edição. Gosto muito de som e sou perfeccionista. Pelo que vi, grosso modo, eu já fazia isso com alguns programas legais: Audacity, Mooo Áudio Effect, MP3 Gain..., vou seu salvar seu link nos Favoritos. Valeu!!!

Danniel disse...

Uma boa fonte de explicação sobre remasterização na internet.

Paulo Araucário disse...

fera! definiu total a sonzeira dos caras!
forte abraço